
O escritor italiano Roberto Saviano, autor de um livro sobre a máfia, disse que há ligações estreitas entre os narcotraficantes de seu país e o Brasil, país onde se define o preço da cocaína embarcada para a Europa, disse em declarações a um jornal local.
"Os grandes carregamentos de cocaína, produzida principalmente na Colômbia, passam por Brasil e isto equivale a dizer que a Bolsa de Valores da droga está em suas mãos. Em outras palavras, é no Brasil que se decide o preço do pó", especificou Saviano à Folha de São Paulo.
"A mercadoria parte em navios do Brasil para a África Ocidental, chegando à Espanha ou Portugal, ou diretamente à Itália, até o porto de Gioia Tauro na Calábria. Esta é a prova dos vínculos óbvios entre as organizações brasileiras e a 'Ndrangheta", o grupo mafioso fincado na Calábria, no sul da península, comentou.
"O Brasil, assim como a Itália, paga um preço altíssimo pelo narcotráfico", opinou o escritor especialista no crime organizado, autor do famoso livro "Gomorra", pelo qual foi ameaçado de morte há anos e desde então vive sob a escolta de 14 policiais e muda regularmente de endereço.
O escritor deu alguns detalhes sobre as ligações entre as organizações mafiosas italianas – e não apenas a 'Ndrangheta, e criminosos brasileiros: "A Camorra também sempre teve laços com facções brasileiras. Basta lembrar que Antonio Bardellino, chefe do clã dos Casalesi – a organização criminosa do lugar onde eu nasci e que ameaçou me matar, foi morto no Rio de Janeiro em 1998, em uma casa em Búzios que, aparentemente, compartilhava com Tommaso Buscetta", outro chefe mafioso de renome, observou Saviano.