A Procuradoria de Milão, em uma investigação conjunta com as de Nápoles e Reggio Calabria, abriu uma investigação sobre Francesco Belsito, tesoureiro da Liga Norte (LN, partido de oposição) e ex-subsecretário do último governo de Silvio Berlusconi; e outras duas pessoas por fraude agravada contra o Estado e apropriação indébita.
Segundo os investigadores, Belsito teria usado dinheiro de reembolsos eleitorais pagos ao seu partido para cobrir o custo de "necessidades pessoais dos membros da família do líder da Liga Norte," o senador Umberto Bossi.
A autorização judicial para a blitz policial nos escritórios do partido autonomista cita pagamentos em "dinheiro vivo ou cheques visados ou através de contratos simulados" que não estão "ligados aos interesses do partido e contrariam seu estatuto", motivo pelo qual têm "caráter de apropriação".
Os investigadores afirmam ter "elementos incontestáveis de que a gestão da Tesouraria da LN ocorreu de forma irregular e na obscuridade total desde 2004 e, em relação a Belsito, desde que ele ocupa o cargo de tesoureiro".
Enquanto o foco da Procuradoria de Milão (capital da Lombardia, norte da Itália) foi a administração dos fundos da LN por Belsito, as Procuradorias de Nápoles e da Reggio Calabria (capitais das regiões do sul do país, Campania e Calábria, respectivamente) se concentraram em Stefano Bonnet e Paolo Scala, vinculados às operações financeiras de mais de € 5 milhões realizadas na Tanzânia e em Chipre com os fundos do partido.
Nesta fase da investigação se levanta a hipótese de uma possível ligação entre o desvio de fundos da Liga do Norte e uma suposta lavagem de dinheiro proveniente da 'Ndrangheta, a máfia calabresa.
Estas informações abalaram o partido de Umberto Bossi, que sempre usou a luta contra a corrupção da "Roma ladrona" como um de seus argumentos políticos de base, embora na investigação o partido é considerado a parte prejudicada, já que Belsito é suspeito de ter usado ilegalmente os reembolsos eleitorais previstos por lei.
Roberto Maroni, um líder do partido e ex-ministro do Interior do último governo Berlusconi, disse que chegou o momento de "fazer uma limpeza" no partido, e lembrou que ele pediu pessoalmente a Belsito para esclarecer a situação das contas da Liga, antes de pedir que renunciasse ao cargo.