
Os protestos contra os benefícios fiscais da Igreja, que nestes dias de crise provocam amplos debates, desembarcou na Internet com uma página no Facebook que, em poucas horas, teve a adesão de 40 mil pessoas sob o título inequívoco "Vaticano, pague pela manobra financeira" (Vaticano pagaci tu la manovra finanziaria). A montagem fotográfica no canto superior esquerdo, com uma pequena imagem de Bento XVI que parece lançar um punhado de dólares, causou uma onda de comentários, em sua maioria pedindo para o Vaticano colocar a mão nos bolsos para pagar a sua parte e no Facebook há várias solicitações para aplicar o imposto predial (ICI) às propriedades vaticanas.
Os perfis revelam que as mensagens foram escritas tanto por laicos como por católicos, gente de esquerda e gente que não é.
A iniciativa, que começou após uma advertência contra a evasão fiscal do cardeal Angelo Bagnasco, foi de Alessandro, um profissional independente da informática oriundo de Parma, junto com um grupo de amigos de toda a Itália, que compartilha sua profissão e habilidade na rede.
"Pago muitos impostos e batalho para pagá-los no prazo. Não sou anticlerical: fui batizado, fiz a comunhão e fui crismado. Não frequento a Igreja aos domingos porque me parece anacrônico e acho que não é isso que nos torna bons cristãos", comentou.
"Não tenho preconceitos contra a Igreja, acrescentou. Só afirmo que na Itália existem muitos privilégios, quase sempre herdados da Concordata (acordo entre a Itália e o Vaticano, ndr), que colidem com a atual crise econômica e que deveriam ser revistos".
Na mira está a isenção do ICI sobre um patrimônio imobiliário que alguns estimam em 115 mil edifícios, em sua maioria de grande valor.
O jornal católico Avvennire respondeu e, por exemplo, disse que "um dos erros mais grosseiros é confundir o Vaticano – que é um Estado estrangeiro, com a CEI (Conferência Episcopal Italiana), que reúne os bispos italianos". Entre outros comentários, alguns também defendem que tirar dinheiro do Vaticano seria como tirar dinheiro dos pobres.