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CASO MILLS: Primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi diz que não há provas contra ele

O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, declarou que o caso Mills, em que é acusado de subornar um advogado para prestar falso testemunho, é o "pior" processo entre os quatro que responde atualmente, ao comparecer à primeira audiência do caso no Tribunal de Milão.

O premier italiano se apresentou ao jurado às 10h locais (5h no horário de Brasília) e só fez declarações à imprensa durante um período de pausa da audiência, quando então aproveitou para criticar o processo, acusando-o de "paradoxal, ridículo e surreal".

Segundo ele, este "é o pior [processo] de todos [aos que responde], porque não há prova nem motivo", argumentou. Para ele, o caso Mills "é só um processo midiático" que "já está morto", uma vez que ele prescreve em seis meses.

Um recente projeto de lei promovido pela base do governo foi aprovado na Itália, reduzindo os prazos de prescrição dos processos judiciais.

O primeiro-ministro também aproveitou a pausa para distribuir aos jornalistas cópias de algumas passagens da audiência do processo, que acusa o advogado inglês David Mills de ter prestado falso testemunho e escondido provas para inocentar Berlusconi em uma ação judicial contra a financeira Fininvest, do premier, na década de 1990, mediante pagamento de propina.

O chefe do Governo italiano alegou que Mills era um dos "tantíssimos" advogados que servia ocasionalmente o grupo Fininvest no exterior, e garantiu que não se lembra de tê-lo conhecido.

O advogado inglês foi condenado em 2009 a quatro anos e meio de prisão por ter acobertado o premier em um esquema de suborno de funcionários do governo para beneficiar seu grupo empresarial. Berlusconi ainda afirmou hoje que seu partido, o Povo da Liberdade (PDL), pediu uma "comissão de investigação para evidenciar se dentro da magistratura há uma associação com fins para delinqüir".

Ele tem acusado os procuradores do Tribunal de Milão de moverem processos contra ele com fins de perseguição política.

"Os procuradores de Milão me fizeram acusações infundadas tentando usar o Direito como arma contra aquele a quem eles têm como adversário político", acusou o chefe de Governo.

De acordo com Berlusconi, "todos os magistrados de esquerda aplaudiram [Fabio] De Pasquale", o procurador responsável por três processos contra o premier – Mills, Mediatrade e Mediaset.

Segundo o premier, as acusações "eram infundadas", o que representa "um cancro da democracia".

"Há tentativas reiteradas por parte dos atuais procuradores de subversão. E isso não é um cancro da democracia?", questionou.

A próxima audiência do caso será em 16 de maio, na qual serão ouvidas duas testemunhas, entre elas Flavio Briatore, ex-diretor comercial da Fórmula 1 e amigo pessoal do premier, que recomendou a ele os serviços de Mills.

Esta é a quarta vez em dois meses que Berlusconi comparece ao Tribunal de Milão para responder a um processo, e a primeira em que responde ao caso Mills. (ANSA)

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